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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

É melhor ter razão ou ser feliz?

 Começo com uma referencia do poeta Ferreira Gullar, com os seguintes dizeres: “Eu prefiro ser feliz a ter razão”.
 Normalmente todos queremo-nos  sentir felizes. No entanto, querer ter razão toma conta dos relacionamentos amorosos, parentais, sociais, empresariais, profissionais causando muito mal-estar, muitas confusões e desentendimentos, brigas, ressentimentos culminando muitas vezes em rupturas irreversíveis entre casais, amigos, familiares….
O querer ter sempre razão não é mais do que o individualismo a falar, o egoísmo esse que não passa de uma estrutura emocional infantil mas que domina a personalidade dos adultos.

Individualismo, não se deve confundir com individuação , mas na busca da individuação muitos acabamos nos atolando no individualismo.

No processo de individuação, descobrimos quem somo, do que gostamos, do que não gostamos, reconhecemos potenciais ferramentas, mas também ganhamos sabedoria, humildade, e com elas percebemos que somos parte de um todo muito maior que o nosso umbigo e mente.
 Descobrimos que coexistimos, querendo ou não, com múltiplas formas de vida, com consciências, as mais diversas, numa relação interdependente, o que nos leva ao altruísmo, à generosidade, à solidariedade, à compreensão.
Tudo porque, na coexistência, uma vida só existe porque está em relação com outras vidas. Assim, compartilhamos o sol, oxigênio, água, terra, e tudo o mais que o planeta nos oferece. Com isso, sem querer ou com consciência e escolha ativa, geramos vida e usufruímos da vida.

O nosso planeta Terra por estar inserido numa rede universal de vida  e também necessita de todo o restante do Universo.

No individualismo achamos que somos o centro do Universo e que todo o resto deve orbitar ao nosso redor.
Assim, quando agimos de forma individualista, de forma egoísta, procuramos sempre impor a nossa opinião e vontade, o que resulta, numa vida de melindres, sempre que nos confrontamos com qualquer opinião divergente ou com qualquer tipo de atitude que não seja de acordo com a nossa vontade. Se o outro não é obedece ao nosso "desígnio supremo" ele não é digno da nossa companhia ou ele é tratado como um alguém inferior ou como não confiável, ou aquele a quem podemos maltratar dizendo palavras rudes e agressivas. Noutras ocasiões, dividimos os grupos em "panelas" as dos que pensam como nós, e a dos "outros", os que não pensam como nós.
 E são assim que as guerras são travadas.

Muitas vezes, nas relações pessoais, agravamos a situação por actuarmos com prepotência e arrogância, sofrendo, assim, uma inibição aguda da nossa lucidez e da nossa inteligência que, uma vez comprometidas pelo nosso alto engrandecimento inadequado, faz com que distorçamos os factos, passando a responsabilizar os outros pelo nosso mal-estar ou pelo acontecido. Quando, na realidade é que ambos colaboramos para a dificuldade de entendimento no relacionamento, por agirmos exatamente da mesma maneira, cada um entrincheirado nas suas verdades, desconectados do outro, tudo porque temos a mania de querer ter sempre razão. Assim, é criada uma confusão de difícil solução.

O egoísmo é um grande desconectador de corações, enrijecendo a sensibilidade e impedindo a nossa percepção clara da vida.
O egoísmo e a prepotência fazem-nos achar que temos direitos que afinal nem sempre existem. Fazem-nos sentir injustiçados, enraivecidos, indignados, irritados, o que não ajuda em nada a ampliar a nossa sabedoria sobre as situações, para podermos vê-las com isenção de ânimo, com clareza e discernimento, sempre que encontramos caminhos para a conciliação ou a resolução dos conflitos.
Os "donos da verdade" têm dificuldade em ver, perceber e compreender diferentes pontos de vista. Eles acham que vêem e percebem mais que todos, quando muitas vezes estão cegos para a realidade à sua volta.

Podem até ser rápidos na argumentação, ser ágeis espadachins das palavras, mas isso não é sinônimo de sabedoria ou de inteligência, como muitos acham.
Neste caso, o que fazer? Será que abrir mão de sua opinião pode ser, então, um caminho para a conciliação e para a felicidade?
Depende, caso seja apenas mais uma forma de reatividade, porém, contrária, ou seja ao invés de me impor, omito-me; com certeza, não sentirei bem-estar, poderei sentir angústia, tristeza, ou sentir-me sufocado, porque a causa de tudo, o egoísmo e a vaidade, estão lá, agindo, ainda que nos subterrâneos da percepção consciente.

Agora se esta decisão vem de um coração mais amoroso, que está ocupado também em criar bem-estar e felicidade para os outros, tudo muda. As decisões, filhas do amor, podem gerar imenso conforto, ainda que requeiram de nós algum sacrifício momentâneo. Porque a felicidade está atrelada à capacidade de amar. E amar aos outros, aquecer o coração, desenvolver ternura, doçura, amabilidade, tolerância, traz imenso bem-estar íntimo, além de criar novas estruturas emocionais e psicológicas modificando o modo de perceber e interagir com a vida.
O amor pelos outros e pela vida tem o poder de dissolver o egoísmo e suas crias, como o individualismo e a vaidade exagerada.
Nesse momento, surge a capacidade de se usar a mente alicerçada numa inteligência amorosa, característica dos que superaram a infância emocional.

Até que o egoísmo seja esmaecido, o cultivo de um pouco de silêncio, de tolerância e de muita ponderação é providencial.

Aprender a ouvir, a sentir empatia pelo outro, estar receptivo e respeitar outras opiniões, saindo de seu mundo íntimo, observando-se parte de um todo maior, sentindo a si e aos outros como forças de igual importância para o todo da vida é outro passo nessa nova caminhada.
Passar suas opiniões pelo crivo da afetividade, da ética, da justiça, da responsabilidade, da verdade, da compaixão, do não julgamento e do não preconceito, antes de manifestá-las, é igualmente importante.
Também aqui a meditação regular é indicada.

Queremos ser felizes?
Comecemos a amar quem anda por perto de nós, amando de verdade, sentindo aquele amor que aquece o peito, que gere bem-estar, que cria situações onde o outro se sinta sempre incluído e valorizado.
Não valorizemos os pensamentos só sobre si mesmo, sobre como nos sentimos, sobre a nossa vida, se está bem ou não, se está feliz ou não.
Abramo-nos de verdade para podermos conhecer os outros para além dos rótulos e das opiniões pré-concebidas.
Entreguemo-nos ao amor.
Um novo universo de bem-estar irá abrir-se para nós. 

Individuação----O conceito de individuação foi criado pelo psicólogo Carl Gustav Jung e é um dos conceitos centrais da sua psicologia analítica.
A individuação, conforme descrita por Jung, é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência. Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações emanadas do Si-mesmo, a totalidade (entenda-se totalidade como o conjunto das instâncias psíquicas sugeridas por Carl Jung, tais como persona, sombra, self, etc.) de sua personalidade individual. Jung entende que o atingimento da consciência dessa totalidade é a meta de desenvolvimento da psique, e que eventuais resistências em permitir o desenrolar natural do processo de individuação é uma das causas do sofrimento e da doença psíquica, uma vez que o inconsciente tenta compensar a unilateralidade do indivíduo através do princípio da enantiodromia.

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