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sábado, 17 de maio de 2014

O QUE HÁ
O que há em mim é sobretudo cansaçoNão disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, 


Cansaço.
A sutileza das sensações inúteisAs paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto em alguém, Essas coisas todasEssas e o que falta nelas eternamenteTudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. 
Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nadaTrês tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco
mais, se puder ser, 
Ou até se não puder ser... 
E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, 
Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço...Álvaro de Campos httppintura de VINCENZO IROLLI

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